Arte: Malevich
DA CHUVA
Cai a chuva intrépida sobre o mundo
Despenham-se os céus líquidos sobre mim...
E entre estádios inconstantes de matéria
Paira um ser espiritual, profundo,
buscando, incessante, o seu lugar.
Pertencerá à terra, onde o corpo existe,
Ou a outro plano, onde aquele não cabe?
No tempo e lugar onde somos, percebemos esta dessincronia
E surge a dúvida:
Existimos porque somos
Ou para sermos, devemos deixar de existir?...
É inequívoca a beleza intrínseca da vida
e de todas as coisas que nos rodeiam.
Mas a beleza é efémera
E essa constatação torna às vezes insuportável o simples acto de a contemplar.
É o que acontece quando a chuva fértil se torna um dilúvio arrasador
E o céu se transforma num teto ameaçando despenhar-se sobre as nossas cabeças...
Que bom é, nesses momentos, o conforto de estar em casa, enroscada numa manta, contando à filhota uma estória de encantar!
É quando tudo se relativiza e a vida é realmente bela, independentemente de tudo o resto.
E a felicidade, por momentos, parece algo realmente simples e acessível...
ASC © - reservados todos os direitos
26/10/2015; 21h50
Nenhum comentário:
Postar um comentário