segunda-feira, 13 de junho de 2016

DA CHUVA

Arte: Malevich



DA CHUVA

Cai a chuva intrépida sobre o mundo
Despenham-se os céus líquidos sobre mim...
E entre estádios inconstantes de matéria 
Paira um ser espiritual, profundo,
buscando, incessante, o seu lugar.
Pertencerá à terra, onde o corpo existe,
Ou a outro plano, onde aquele não cabe?
No tempo e lugar onde somos, percebemos esta dessincronia
E surge a dúvida:
Existimos porque somos
Ou para sermos, devemos deixar de existir?...


É inequívoca a beleza intrínseca da vida
e de todas as coisas que nos rodeiam.
Mas a beleza é efémera 
E essa constatação torna às vezes insuportável o simples acto de a contemplar.
É o que acontece quando a chuva fértil se torna um dilúvio arrasador
E o céu se transforma num teto ameaçando despenhar-se sobre as nossas cabeças...

Que bom é, nesses momentos, o conforto de estar em casa, enroscada numa manta, contando à filhota uma estória de encantar!
É quando tudo se relativiza e a vida é realmente bela, independentemente de tudo o resto.
E a felicidade, por momentos, parece algo realmente simples e acessível...

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26/10/2015; 21h50

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