quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PRECE A RUKH





PRECE A RUKH

Agónica dos voos rasantes dos pássaros longínquos
feneço dos seus breves cantos ténues e alucinados...


Quero estender os braços, soltar um assobio,
gesticular, chamar, gritar, desesperar-me;
Fazer-me em asas e voar, urgente,
antes que a águia equivocada se despenhe!

(...)

Mas não posso...
Tenho os membros acorrentados e
o rosto desprovido de toda a mímica,
porque a dor que sinto dessa mágoa alheia
apagou toda a sua expressão exterior.

E a voz morre-se-me, embargada,
enrouquecida de tantas lágrimas;
e os ténues uivos que ainda se soltavam
morreram amordaçados de vergonha...

(...)

Ó Grande Rukh, vinde valer-me!!
Trazei os sete elefantes mais imponentes
e sobre eles os sete anjos das sete trombetas,
mas só ao sétimo seja dada voz de sopro!

E que o seu som alto, grave e eloquente
recupere a altivez da águia mor,
E ela retome o seu lugar de proa 
no penhasco mais abissal 
da montanha mais alta
da grandiosa cordilheira da poesia !

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