SEM IDADE
Dentro de mim resvalam os anos já vividos
E por fora são visíveis as marcas do tempo.
Mas é pueril o que emerge dos meus olhos
E são da minha infância as vozes que escuto.
Já o sol amanhece sempre com a mesma viva luz
E dos crepúsculos ninguém diz que tenham envelhecido.
A noite depõe o seu manto com igual inocência
E mantem-se o vigor enérgico das ondas do mar
E a pontualidade das fases da lua e das marés.
Tudo isto acontece desde antes que o carbono possa dizer
Com a mesma pureza com que desabrocha uma flor
E se reproduzem os alquímicos ventres femininos.
Por isso me confundem os algarismos que a identidade escreve
E as contas que a mente processa em face do calendário.
Se o mundo se alheia da extensão algébrica da sua idade
Nas efémeras mentes humanas igual milagre pode dar-se.
Baste que se guarde a memória dos tempos da inocência
E se ame em cada dia como se fosse o último para amar-se.
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29/10/2015; 19h06
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