segunda-feira, 13 de junho de 2016

SEM IDADE





SEM IDADE

Dentro de mim resvalam os anos já vividos
E por fora são visíveis as marcas do tempo. 
Mas é pueril o que emerge dos meus olhos 
E são da minha infância as vozes que escuto.


Já o sol amanhece sempre com a mesma viva luz 
E dos crepúsculos ninguém diz que tenham envelhecido.

A noite depõe o seu manto com igual inocência 
E mantem-se o vigor enérgico das ondas do mar
E a pontualidade das fases da lua e das marés.

Tudo isto acontece desde antes que o carbono possa dizer
Com a mesma pureza com que desabrocha uma flor
E se reproduzem os alquímicos ventres femininos.

Por isso me confundem os algarismos que a identidade escreve
E as contas que a mente processa em face do calendário.

Se o mundo se alheia da extensão algébrica da sua idade
Nas efémeras mentes humanas igual milagre pode dar-se.
Baste que se guarde a memória dos tempos da inocência
E se ame em cada dia como se fosse o último para amar-se.

ASC © - reservados todos os direitos
29/10/2015; 19h06

Nenhum comentário:

Postar um comentário