RUGIDOS DA ALMA
Rugem nos abismos viscerais as infâmias que não interditei
E ensombram-se os órgãos sanguíneos das lavas cuspidas;
Ardem-me as mágoas que pressinto e de que não me retratei
E pesam-me os chumbos irados das cóleras não consumidas.
Vagueio na face plácida tingida da vergonha rubra e amarga
E transpiro os suores cruéis expelidos das verdades caladas;
Submersa no lodo putrefacto que o silêncio coagido enverga,
Dou a alma aos abismos escuros dos devaneios inacabados.
Subo vagarosa e hesitante pelas escarpas tumultuosas da dor
E desço apressada pelos fios invisíveis do chão que não existe.
Não sei se é tristeza o que sinto a tremer na boca em estertor
Ou se o eco frio e pleurático que nas artérias treme e persiste.
Sei apenas que a lentidão do desespero das palavras não ditas
Não consome o frenesim com que os dedos lançam as escritas!
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imagem do Google "A dança dos dragões"
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